quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Literatura de viagens


Este Verão ofereceram-me um livro de Annemarie Schwarzenbach, “Morte na Pérsia”. Tinha lido há pouco tempo um artigo sobre esta escritora no Público. Despertou-me o interesse a sua curta vida a sua muito ligada às viagens.
È uma escrita clara e bem delineada. As descrições dos locais e dos acontecimentos estão sempre imbuídos de uma tristeza umas vezes latente, outras completamente expressa. Apesar da tristeza, do medo da morte é uma escrita muito bela.

“ A morte é demasiado incompreensível, excessivamente desumana, e só perde a sua violência quando nela reconhecemos o único caminho sem retorno que nos é concedido para escapar aos nossos falsos caminhos.” ( nota prévia pag.13)

“mas como podemos nós proteger-nos do medo? Ah, despertar mais uma vez sem sentir as suas garras, por uma vez não ficar só entregue ao medo! Sentir a respiração feliz do mundo! Ah, viver mais uma vez!”
(nota prévia pag.13)

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Regresso no Outono de 2008


Comprei este livro na semana passada. Na altura e no local em que me encontrava não tinha nada para ler e decidi procurar o livro cuja notícia tinha visto há poucos dias. Chamou-me a atenção o facto de se referir a uma viagem de barco feita por Thomas Mann, uma travessia marítima da Europa para a América. Foi assim que comprei a “Viagem marítima com Dom Quixote”.

Li o livro de um fôlego. Trata-se de uma espécie de diário de viagem a bordo de um transatlântico da Europa para Nova York. Agradaram-me as referências à vida no barco durante a viagem pois fizeram-me recordar o que também já vivi.
Gostei, como sempre, da prosa do autor e das suas reflexões sobre a realidade que era a sua mas pode também ser a nossa.

"Digam o que disserem: O cristianismo, esta flor do judaísmo continua a ser um dos dois pilares principais sobre os quais repousa a civilização ocidental, sendo o outro a Antiguidade mediterrânea.” (pag.89)

“ Tempos exaltados, como o nosso, que sempre tendem para confundir meras manifestações de época com o eterno (por exemplo liberalismo com liberdade) …, exortam toda a pessoa mais séria e livre, a que não se limite a flutuar no vento da época, a regressar às bases, a voltar a ganhar consciências das mesmas e a insistir nestas sem transigir.” (pag.90)

“ Temos de ter em nós o nosso tempo em toda a sua complexidade e contrariedade, visto que muitas e variadas coisas, e não uma apenas, contribuem para a constituição do futuro.” (pag.96)

Mas o livro trata ainda de uma apreciação sobre o “ Dom Quixote de la Mancha” de Cervantes”. Devo confessar que já tentei mais do que uma vez ler esta obra mas debalde. Começo com entusiasmo, mas a pouco e pouco vão surgindo outros livros, outras solicitações e vou deixando para trás. Agora após a leitura da “Viagem marítima com Dom Quixote”, acho que proximamente vou retomar a leitura da obra-prima de Cervantes. Fiquei mais curiosa e quero acompanhar essa leitura também com as referências de Thomas Mann